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segunda-feira, 9 de abril de 2012

A LINGUAGEM DO CORPO


PASSOS E GESTOS SE TRANSFORMAM EM INSTRUMENTOS DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

 Carmen orienta as pequenas bailarinas: movimentos inspirados em brincadeiras.
 Foto: Alexandre Battibugli

Durante as aulas da professora Carmen Orofino, na Escola Viva, em São Paulo, as crianças soltam a imaginação: derretem-se no chão como um sorvete, flutuam imitando um floco de algodão, correm como um rio e até voam feito uma borboleta. Isso porque, todos os anos, elas são convidadas a se envolver num projeto de expressão corporal baseado no uso intencional de movimentos inspirados em brincadeiras e histórias recorrentes na vida dos pequenos. Seguindo a metodologia bem planejada pela professora, eles acabam descobrindo que o corpo fala e chegam à 1ª série com os membros mais flexíveis, praticando Educação Física com mais prazer.
A apresentação para os pais no fim do ano é sempre muito esperada, mas ela não deve ser o único objetivo do trabalho. Outra coisa que se evita é focar o projeto no estudo sistematizado de uma técnica de dança específica. "Isso até pode acontecer com alunos que já passaram dos 7 anos", aconselha Carmen. "O mais importante, ao longo do calendário de atividades, é a sala virar um laboratório de experimentos e que o corpo das crianças se transforme de fato num instrumento de comunicação e expressão", resume a coordenadora pedagógica Leila Bohn. As estratégias utilizadas na escola paulistana deixam todo mundo falando pelos cotovelos e pelos pés, mãos, braços, cabeça...

SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES

1.    A CONQUISTA DA TURMA
Um bom projeto de expressão corporal começa com estratégias que atraiam todos os alunos, inclusive os meninos, que algumas vezes demoram mais para se envolver. Na Escola Viva, Carmen fala para a garotada sobre os benefícios da dança e promove uma apresentação dos alunos mais velhos. Turma formada, ela convida todos a ficar de frente para o espelho, executar movimentos livres e depois fazer um desenho que mostre a relação entre o tamanho do corpo e o da sala de aula. Alguns se imaginam bem pequenos nela, mas depois descobrem que o corpo ocupa um grande espaço.

2. APRECIAR DIFERENTES ESTILOS
Para mostrar formas diversas de dançar à garotada, a professora exibe obras de arte, fotografias e vídeos de balé clássico e contemporâneo, danças de rua como o break e o street dance, variações do hip hop, e promove pequenas discussões sobre as maneiras de o corpo se expressar. Todos são convidados a falar sobre as principais características de cada tipo de dança. A aula de 50 minutos é ministrada duas vezes por semana, no turno inverso.

3. IMAGINAÇÃO VIRA MOVIMENTO
É importante sistematizar as atividades. As aulas sempre começam com alongamento, passam para o aquecimento e terminam com a realização de passos que expressem determinada mensagem, previamente combinada entre a professora e a garotada. É nesse momento que entra em cena a imaginação. Voar, derreter, correr e balançar são imagens que se concretizam em frente ao espelho. Alguns movimentos são feitos com o auxílio de cordas e bolinhas que são jogadas por cima da cabeça dos colegas. O ritmo é dado pela música e por marcas coloridas feitas no chão. Algumas coreografias surgem da imitação de desenhos animados, como Barbie, o Quebra-Nozes, em que a personagem se imagina dançando o famoso balé.

4. AVALIAÇÃO E APRESENTAÇÃO
Carmen planeja e desenvolve o projeto em nove meses. Nesse prazo, ela avalia os erros e os acertos e faz os alunos perceberem o que eles aprenderam: a capacidade de falar com o corpo. Somente depois disso é feita a apresentação para os colegas e para os pais.

OUTRAS PROPOSTAS 

QUEBRANDO O GELO 
O trabalho de expressão corporal com EJA requer estratégias ousadas para acabar com a possível timidez. Em círculo, os estudantes devem simular ações como pegar objetos no chão, jogar coisas num armário, virar o rosto para responder a um chamado. Incentive também o espreguiçar e o bocejo, gestos geralmente censurados em lugares públicos, mas que são as primeiras "falas" do corpo.
Forme grupos com seis pessoas. Organize um pot-pourri de ritmos diferentes, editados com durações variadas, e coloque para tocar. A cada ritmo, um aluno deve criar um gesto de acordo com o som e os demais o imitam, como se fossem um cardume. Essas atividades trabalham também as percepções espacial e visual. 

CONSULTORIA: MÁRCIA STRAZZACAPPA, COORDENADORA DO GRUPO CORPO, ARTE E EDUCAÇÃO DA UNICAMP
 
FORTALECER MÚSCULOS
Duas das partes do corpo mais exigidas na hora de dançar são o quadril e o abdômen. A flexibilidade do primeiro e a presença de tônus muscular no segundo dão a qualquer coreografia mais beleza e harmonia. Um dos melhores exercícios para fortalecer essas regiões é feito com o auxílio de uma bola de futebol. Peça que os alunos fiquem de joelhos. 
Depois, entregue uma bola para cada um e peça que a segurem na frente do corpo com as duas mãos. Em seguida, oriente para que abaixem os quadris para um dos lados, voltem a ficar ajoelhados e então desçam do outro lado. Esse movimento é bom para a mobilidade pélvica, o equilíbrio e o controle abdominal, além de fortalecer os músculos ao redor do quadril. 

FONTE: COORDENAÇÃO MOTORA, TARA LOSQUADRO LIDDLE, 304 PÁGS., ED. M. BOOKS, TEL. (11) 3645-0415, 45 REAIS 

CONFIANÇA NO GRUPO
Duas brincadeiras infantis, feitas de maneiras diferentes, desenvolvem a noção de espaço e conjunto nas aulas de expressão corporal. A primeira é a dança das cadeiras: retire uma dessas peças a cada parada da música, mas não elimine as crianças que não conseguirem se sentar. A idéia é que todos os participantes descubram opções de agrupamento em torno da peça e dos corpos dos colegas (sempre pedindo muito cuidado para que não se machuquem). A brincadeira do joão-bobo trabalha o desapego e a entrega: um aluno fica entre dois colegas e deixa seu corpo tombar para frente e para trás, numa espécie de gangorra, até ser apoiado pelos pares. A professora ou os monitores devem ficar sempre alertas para evitar acidentes. 

CONSULTORIA: SIMONE NESTLÉ HNER, PROFESSORA DE EXPRESSÃO CORPORAL DA ESCOLA ARUNA DE YOGA, EM SÃO PAULO


 UM POUCO MAIS SOBRE A LINGUAGEM CORPORAL

ESTEBAN LEVIN ''O CORPO AJUDA O ALUNO A APRENDER''

Psicomotricista argentino sugere que os movimentos corporais sejam incluídos nas atividades de todas as disciplinas

Ao colocar o corpo e os gestos no centro do desenvolvimento infantil, os estudos sobre psicomotricidade estão ajudando a pedagogia a renovar-se e a definir novos princípios para o ensino. Suas primeiras linhas começaram a ser traçadas pelo psicólogo e filósofo francês Henry Wallon (1879-1962) em meados dos anos 1920, quando ele introduziu a idéia de que o movimento do corpo tem caráter pedagógico, tanto pelo gesto em si quanto pelo que a ação representa. Na década de 1950, a psicomotricidade ganhou um campo definido de pesquisa. O psiquiatra Julián de Ajuriaguerra, considerado o pai dessa nova área do conhecimento, definiu-a como sendo a ciência da saúde e da educação, visando a representação e a expressão motora.
Hoje, o psicólogo e professor de Educação Física argentino Esteban Levin é um dos pesquisadores que mais contribuem com seus estudos nesse campo. O corpo, os movimentos e a imagem que se tem desse corpo são fundamentais na aprendizagem e na formação geral do adulto, afirma. Nesta entrevista à ESCOLA concedida durante o 9º Congresso Brasileiro de Psicomotricidade, realizado em outubro do ano passado em Olinda (PE) , Levin explica como o educador pode explorar a agitação natural da criança para ensiná-la a ler e a escrever, para alfabetizá-la matematicamente e também para que ela aprenda as mais diversas disciplinas escolares.

ESCOLA: Por que o movimento corporal é importante no processo de aprendizagem?

LEVIN: O corpo e os gestos são fundamentais para a formação geral do ser humano. Desde que nasce, a criança usa a linguagem corporal para conhecer a si mesma, para relacionar-se com seus pais, para movimentar-se e descobrir o mundo. Essas descobertas feitas com o corpo deixam marcas, são aprendizados efetivos, incorporados.
Na verdade, são tesouros que guardamos e usamos como referência quando precisamos ser criativos em nossa profissão e resolver problemas cotidianos. Os movimentos são saberes que adquirimos sem saber, mas que também ficam à nossa disposição para serem colocados em uso.

ESCOLA: A escola costuma considerar o corpo no processo de aprendizagem?

LEVIN: Durante a Educação Infantil, a necessidade de movimentar-se é mais respeitada pela escola: o corpo é usado em brincadeiras, em atividades de arte, de música etc. A criança pode correr, pular, espreguiçar-se sem censura alguma. O problema é na passagem para a 1ª série. Geralmente, os professores exigem uma postura totalmente diferente da que era permitida até então. Com 7 anos, os alunos são colocados em carteiras, precisam ficar quietos, supostamente prestando atenção no mestre -- forma pela qual estaria incorporando os conteúdos. Ele chega ao absurdo de, muitas vezes, pedir que eles desenhem a si mesmos dançando ou subindo em árvores! Ele deveria, antes disso, deixá-los experimentar essas atividades. Os momentos de usar o corpo ficam restritos à hora do recreio e às aulas de Educação Física. É como se a escola dissesse ao aluno: na pré-escola, você brinca; na 1a série, começa a estudar. Mas o estudo deveria estar totalmente ligado ao movimento corporal.

ESCOLA: O que pode acontecer a uma criança que é obrigada a ficar sentada muito tempo?

LEVIN: A obrigação de deixar o corpo estático, sem movimento, pode ser uma das causas da hiperatividade -- um dos distúrbios de aprendizagem mais comuns hoje em dia --, de manias e de comportamentos repetitivos sem significado. Pode ser também um dos componentes de quadros de anorexia, de bulimia e de depressão infantil. Isso sem falar das dores corporais que a falta de atividade às vezes traz.

ESCOLA: Como o corpo deve ser usado durante a aula?

LEVIN: É muito mais fácil para os pequenos aprender, por exemplo, as letras A, B ou C brincando com o corpo, representando-as deitados no chão em grupos de dois ou três, do que sentados em frente ao quadro-negro.
E isso é possível acontecer com palavras, conceitos, teorias... Em Matemática, por que o professor não propõe brincadeiras do tipo caça ao tesouro ou esconde-esconde de folhas? Com elas, a criança vai ter de encontrar as plantas escondidas na escola, enumerá-las, manipulá-las e classificá-las. Se a turma gosta de futebol, por que não formar times para disputar um torneio, fazer tabelas, calcular resultados, ler e escrever histórias interessantes sobre esse esporte?

ESCOLA: Os movimentos corporais devem ser valorizados pelos professores de todas as séries?

LEVIN: Incentivar uma relação saudável com o próprio corpo e o uso dele na aprendizagem são práticas que deveriam ser cultivadas por toda a escolaridade. Mas até o início da puberdade, por volta dos 12 ou 13 anos, elas são determinantes. Até essa fase a criança vive pela primeira vez as mais diversas experiências: ela vai conhecer os números, a regra de três, a leitura, a escrita, o ensino de História... Quando alguma coisa acontece pela primeira vez, precisa ser marcante e positiva, para deixar boas recordações, ainda que inconscientes. O uso do corpo permitirá que essas lembranças sejam prazerosas e a pessoa vai associar o aprendizado a sensações gostosas.

ESCOLA: A necessidade de movimento coloca a Educação Física em destaque entre as disciplinas escolares?

LEVIN: Com certeza, desde que o professor especialista preste atenção no desenvolvimento psicomotor da garotada. O perigo é esse profissional olhar somente para a eficácia do corpo, o seu desempenho em esportes e nas atividades propostas.

ESCOLA: O que os professores de todas as disciplinas podem fazer para ajudar no bom desenvolvimento psicomotor?

LEVIN: Como não existe apenas uma forma de aprender, é obrigação dos educadores oferecer várias opções para a criança adquirir conhecimento. Por isso, eles devem abrir-se para o uso do movimento corporal como um recurso eu diria muito eficiente de ensino e de aprendizagem. O melhor seria que o docente de Matemática, por exemplo, pudesse trocar experiências com o colega de Educação Física: tanto o primeiro aprenderia sobre o corpo quanto o outro sobre números e raciocínio matemático. Tenho certeza de que ambos teriam idéias fantásticas e desenvolveriam exercícios e materiais reunindo as duas áreas do conhecimento. 


 A obrigação de deixar o corpo estático pode ser uma das causas da hiperatividade, da depressão e da anorexia. 
 
ESCOLA: Deficientes físicos também podem usar o corpo para aprender?

LEVIN: Portadores de deficiência constroem a imagem do próprio corpo como qualquer outra pessoa. Eles têm dificuldades em usar o corpo, mas, se tiverem consciência disso, conseguem superá-las e aprender com as restrições. O que não pode é fingir que o problema não existe. O ideal seria conversar sobre as limitações e que juntos, aluno e professor, criassem atividades inclusivas.

ESCOLA: Hoje a televisão e o computador ocupam mais o tempo da criança do que as brincadeiras em grupo. Isso é prejudicial?

LEVIN: A experiência da infância mudou. Hoje existem esses novos brinquedos, que estão à disposição 24 horas. No meu país, a Argentina, calcula-se que as crianças fiquem entre cinco e oito horas por dia na frente da televisão ou na internet, em chats ou em jogos eletrônicos. E se freqüentarem uma escola que as obriguem a ficar sentadas em carteiras mais quatro ou cinco horas? Quando vão usar o corpo? O problema é que a televisão e o computador não propiciam a interação física nem com pessoas nem com objetos. Uma coisa é reconhecer um cachorro, pesquisar sobre sua espécie etc. Outra é brincar com o animal. No primeiro caso pode até existir um certo conhecimento, mas não há experiência corporal. O contato direto com os objetos e a interação com o outro promovem brincadeiras que geram curiosidade, inquietação, necessidade de movimentar-se e, no final, um aprendizado mais efetivo.

ESCOLA: A infância, enquanto período de brincadeira está acabando?

LEVIN: Há quem defenda esse ponto de vista afirmando que cada vez mais as crianças estão tendo preocupações que deveriam ser dos mais velhos, como ter sucesso e bom desempenho. Pessoalmente, acredito que a infância não acabou, mas está mudando radicalmente. As crianças de hoje não são as mesmas estudadas por Jean Piaget ou qualquer outro teórico da educação ou da pediatria.

ESCOLA: As teorias sobre a infância precisam ser revistas?

LEVIN: É necessário repensar teorias e práticas, sim. Um bebê que com 10 meses mexe com controle remoto e, quando mais velho, passa horas na frente da televisão certamente vai ser um adulto com características bem diferentes daquele que cresceu brincando com amigos e manipulando objetos. Como será esse adulto sem a experiência do brincar corporal? Ainda não sabemos, mas precisamos começar a nos preocupar com isso.

ESCOLA: A sociedade valoriza a criança que amadurece mais rápido?

LEVIN: Tanto valoriza que os próprios pais exigem da escola atividades de gente grande. Crianças de 2 anos têm aulas de língua estrangeira e de computação. É um absurdo!

ESCOLA: Que tipo de conhecimento o professor precisa ter para unir com eficiência o uso do corpo ao processo de aprendizagem?

LEVIN: Basta colocar a busca pelo saber acompanhada de movimento. É importante também que o docente recupere a sua história, os seus desejos infantis. Ele pode perguntar-se, por exemplo, qual o motivo que o levou a querer dedicar sua vida ao trabalho com crianças. Com certeza algo de sua infância foi marcante para ele optar por ensinar os pequenos. Assim, resgata alguns de seus desejos infantis, e isso vai ajudá-lo a compreender muito melhor as necessidades da turma.


 

ESTEBAN LEVIN

É psicólogo, psicomotricista e professor de Educação Física. É orientador dos cursos de pós-graduação na Universidade de Psicologia de Buenos Aires, da Universidade de Lomas de Zamora, também na capital argentina, e da Universidade Federal de Fortaleza. Como supervisor de equipes clínicas e hospitalares, realiza diversas pesquisas nas áreas de psicomotricidade, estimulação precoce, psicopedagogia, psicologia e terapia ocupacional. 



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